Do ponto de vista do atual pensamento liberal,
econômico ou político, ou principalmente do “novo liberalismo” (o “antigo”
seria aquele surgido no séc. XVIII com o Iluminismo), o legado de Hugo Chaves é
ruim. Enfraqueceu as instituições democráticas e retirou das classes
empreendedoras, em termos do capitalismo, sua proeminência política sobre as
decisões de governo que envolviam, sobretudo, a destinação dos recursos do
petróleo.
Há quem diga que estas instituições, na Venezuela dos
últimos anos, já há muito se mostravam desgastadas e sem capacidade de resolver
os problemas gerados pela insatisfação popular em relação à discrepância entre
riqueza natural produzida e exportada e a situação daqueles que pisavam o
território de onde saiam esta riqueza. Nesta noite (10/03/12), precisamente às 19:20h,
na Globo News, ouvi um economista da Fundação FHC dizer que a herança chavista
não será lembrada ou julgada, na História ou por Ela, como positiva; tendo em
vista os seus erros cometidos em sua política econômica.
Se as decisões econômicas dos governos anteriores ao
chavismo fossem corretas, talvez não existisse um Chaves. Eu sei, isso é
especulação; contudo, não é especulação dizer, pelo menos (em se admitindo
“erros”), que a natureza a e as intenções dos governos equivocados, antes e
depois de Chaves, não são as mesmas. As falhas eram cometidas por e a favor de
pequenos grupos (uns chamam “elites” e outros “classes dominantes”), que
controlavam ou o governo ou, mesmo que indiretamente, as petrolíferas; mas ai
tudo bem, são as regras de um mercado livre – livre de regras etc. Mas também tem
a análise política além da análise social e econômica. Os erros de Chaves eram
a favor, diretamente, dos mais pobres. Grandes e inequívocos serviços sociais
em áreas de saúde e educação, dentre outros, que antes nunca existiram, foram
capazes do colocar em movimento classes populares que pareciam, para o
vergonhoso deleite dos mais beneficiados com os recurso petrolíferos, apáticas
e conformadas com sua situação de miséria.
Esta é a verdadeira “revolução bolivariana”. As forças populares partiram, radicalmente, contra as tradições viciadas de uma politica liberal a favor de uma minoria. Uma falsa democracia; oligárquica desde o séc. XIX, pelo menos. Incapaz de resistir a um “neocaudilho” de esquerda exatamente porque este, com suas ações, expôs o quanto cruel e ao mesmo tempo falho era o sistema opressor do capitalismo venezuelano. Eis aí a razão da paixão que a maioria do povo pobre da Venezuela nutre por Chaves. Mas ainda temos a opção, bastante razoável, de acharmos que os venezuelanos chavistas são burros, como insinuam alguns.
Esta é a verdadeira “revolução bolivariana”. As forças populares partiram, radicalmente, contra as tradições viciadas de uma politica liberal a favor de uma minoria. Uma falsa democracia; oligárquica desde o séc. XIX, pelo menos. Incapaz de resistir a um “neocaudilho” de esquerda exatamente porque este, com suas ações, expôs o quanto cruel e ao mesmo tempo falho era o sistema opressor do capitalismo venezuelano. Eis aí a razão da paixão que a maioria do povo pobre da Venezuela nutre por Chaves. Mas ainda temos a opção, bastante razoável, de acharmos que os venezuelanos chavistas são burros, como insinuam alguns.
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Muito Obrigado pela consideração, Valter Mattos.