Sei que muita gente vai discordar, pois, como em todas as
escolhas, muitas ficaram de fora (inclusive, gosto de muitas que ficaram de
fora); mas minhas interpretes norte-americanas preferidas são Narah Jones,
Billie Holiday, Madeleine Peyroux, Diana Krall (eu sei, ela é canadense; mas
vai lá, da língua inglesa – sem contar que é linda) e a novata Melody Gardot (que
o Brasileiro Heitor TP – guitarrista que adoro – a produziu em alguns trabalhos
mais recentes). Talvez goste um pouquinho menos das que encabeça e encerra esta
pequeno rol.
Estou escrevendo esta “notinha” porque li um artigo hoje
(26/04/13) do Arthur Dapieve no Segundo Caderno de O Globo, “Resgaste na
Pista”, em que ele faz uma comparação, muito interessante, entre duas duplas de
cantoras, de um lado, Marlene x Emilinha e, de outro, Peyroux x Krall. O argumento dele é que, tal
como na famosa disputa entre os fãs, na Era de Ouro do Rádio no Brasil, entre
Marlene e Emilinha Borba, os fãs de Madá e Krall hoje discutem e disputam
também qual seria a melhor – certamente em contendas não tão acirradas como
foram as nossas no passado.
Dapieve logo de cara revela preferir Madeleine (já eu gosto
muito das duas). Ele diz que escreveu o artigo porque, de quando em vez, tem
uma discussão com um amigo que é fã de Krall (e este teria falado,
depreciativamente, que Peuroux “mia” que nem uma gata; e acrescento, uma linda
Gata). Não me lembro direito quando conheci Kroll (quem sabe, pois igualmente
gosto muito de Rock, por referência a Elvis Costello, já que este sortudo é seu
esposo); mas com certeza apaixonei-me imediatamente ao ouvi-la (como não
gostar, por exemplo, de sua interpretação, cantada e tocada no piano por ela,
de Just the Way You Are,
de Billy Joel? Cuidado, há uma composição de título homônimo, do havaiano
Bruno Mars, que, desculpem-me seus fãs, desaconselho). Todavia, recordo-me
razoavelmente de como tive contato com Madeleine. Acho que têm mais ou menos
uns seis anos que ouvi, à noite, o Nelson Motta comentar na rádio sobre uma
cantora de Jazz, com nome afrancesado e com um timbre e jeito de cantar semelhante
ao de Billy Holiday, que ele dizia ser muito interessante. Colocou uma música
para tocar e aí adorei.
Confesso que foi exatamente o fato de Madeleine lembrar-me
muito Billy Holiday que me tornei seu fã. Sei que aquela não gosta muito de ser
lembrada como semelhante a esta – o que é uma pena, adoraria ver uma reprodução
de Peuroux dos maiores hits da Billy. Agora vou confessar outra coisa: de todas
as que listei aqui como as minhas preferidas, a que mais gosto é Billy Holiday.
Em composições como, Me, myself and I (existe outra composição de título homônimo gravado
por Beyoncé, que, desculpe-me mais uma vez a pretensão, também não aconselho), Summertime (também imortalizada por Janis Joplin)
e I’M a Foll to Want You,
dentre outras, ela
demonstra toda a sua emoção à flor da pele. Esta é a sua maior marca: a emoção
de uma vida densa, vivida cheia de sofrimentos. E aí farei uma comparação que
não sei se gostarão: quando ouço Billy Holiday sou tomado de uma emoção deveras
igual àquela que sinto ao também ouvir Elis Regina.
É isso mesmo, as duas, cada
uma a seu jeito, tiveram vidas conturbadas, polêmicas e cheias de dor. Não
quero dizer com isso que todas as cantoras – principalmente as interpretes –
precisem, como num estágio, passar por uma temporada de consternação, mágoas e
sofrimento; mas hão de convir, que o que passam de sentimento em suas
interpretações só é possível porque viveram estes sentimentos. Então, para mim,
Elis Regina e Billy Holiday são as maiores interpretes de canções, de todo o
mundo e de todo os tempos, que já tive a oportunidade de ouvir; pois são as que
mais conseguem emocionar-me. Emoção, este sentimento, que quando suas notas
melancolicamente entram em meus ouvidos, perturba-me, causa-me ora consternação
ora ternura; ou seja, ainda que por um breve momento, modificam meu estado de
espirito de forma intensa, em um misto de tristeza e, logo depois, de alegria,
já que fico feliz por ter me emocionado; e penso: como é bom ouvir uma bela
canção. Obrigado minhas musas.