Pesquise na Web

Valter Mattos

Valter Mattos
Ouvindo...

sábado, 20 de abril de 2013

Tal como a Vida, Escrever pode ser muito Arriscado


Tal como a vida, um texto nunca está pronto. Estamos sempre a reescrevê-lo toda a vez que nos deparamos com ele; nunca está pronto. Se vivêssemos para sempre, infinitas seriam as reedições das coisas que escrevemos. A esperança desses textos, que sofrem em nossas mãos, com esta pretensão inútil de sermos perfeitos, é a nossa morte, inexorável e infalível. Contudo, assim como um filho (sei que isso é um clichê de quem se afeta por uma vaidade dissimulada), quando morremos, ele fica por sua conta e risco, e sua sobrevivência, agora, só depende dele, não estaremos aqui para aconselhá-lo, mudá-lo etc. Sua história também não será infinita; sua validade, importância e atualidade serão os critérios de sobrevida. É como Guimarães Rosa disse: viver é muito arriscado; e incluo, inclusive para um texto que ganha vida própria com a morte de seu autor.
Quando escrevemos em um blog, creio, esta incompletude é potencializada pela possibilidade de estarmos sempre entrando, quando on-line ou não, nas configurações e reeditando e salvando as mudanças na redação do mesmo documento; mas será que é ainda o mesmo texto? Esta questão me aflige. Trata-se de uma desvantagem; ao contrário do que se possa pensar, pois com as possibilidades desta ferramenta de mídia eletrônica, nunca me livrarei da vontade de aperfeiçoar o que redijo. Quando escrevo para este blog quase sempre é alguma coisa que leio, que escuto, que lembro, que me suscita alguma ideia e que não consigo deixar de colocar pra fora, e ai sento diante desta tela, que agora me contempla, e saio escrevendo como quem, digamos, “vomita” (exagerei, né?...) sobre alguma coisa, no caso a tela do computador. Na ansiedade de tornar pública a ideia, posto-a rapidamente; e depois vem o arrependimento. Sem mesmo precisar de se lembrar do conselho de Drummond, de que escrever é contar palavras, começo a polir, lustrar e retocar daqui e dali, até que me canso e deixo pra lá, com aquela sensação de que perdi um tempão, de que ainda não está bom e que, na verdade, não sei escrever direito.
Tenho uma hipótese de que escrever é um exercício, que precisa, exercitando-se, ser muito praticado na busca de perfeição. Mas comigo, nunca consigo achar que estou pronto – deve ser isto mesmo, nunca se está pronto. Fico pensando como deve ser escrever, por exemplo, um romance... É claro que o texto final é, exaustivamente, revisto. Mas acho, igualmente, que o problema de escrevê-lo rapidamente e torná-lo público também rapidamente não existe; no entanto, o problema é outro: saber escrevê-lo. Acho que por enquanto não preciso me preocupar com isso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito Obrigado pela consideração, Valter Mattos.